sábado, 27 de janeiro de 2018

O enigma de Pedro

        As últimas palavras de Pedro, enquanto aguardava o martírio em Roma, são referentes à Segunda Vinda de Jesus. Ele destaca os últimos eventos que precederão ao derradeiro dia de vida na Terra.
           O último capítulo que ele escreveu trata, especificamente, do que o retorno do seu Mestre significará para os crentes e descrentes e sugere, inclusive, uma metodologia de análise para que possamos encontrar o tempo que ainda falta para aquele glorioso evento.
           No que concerne ao destino dos descrentes, diz o apóstolo:
“Ora, os céus que agora existem, e a Terra, pela mesma palavra, têm sido entesourados para fogo, estando reservados para o Dia do Juízo e destruição dos homens ímpios” - II Pedro 3: 7.
No contexto imediato do que está reservado para os céus, Terra e para os homens ímpios, ele apresenta uma recomendação enfática para a igreja dos últimos dias:
“Há, todavia, uma coisa, amados, que não deveis esquecer: que, para com o Senhor, um dia é como mil anos e mil anos como um dia. Não retarda o Senhor a Sua promessa, como alguns a julgam demorada...” - 2 Pedro 3: 8-9. 
Como essa orientação objetiva para não esquecermos que um dia para o Senhor é como mil anos para nós está ligada ao fato de que “não retarda o Senhor a Sua promessa”, passamos a considerar estes dois versos como um importante enigma a ser resolvido. Isto é, como amamos a vinda do Senhor, resolvemos investigar um pouco mais a fundo esse enigma para que, por meio dele, possamos saber um pouco mais a respeito do tempo previsto para a Sua volta.
E para começar, a primeira coisa que pensamos fazer foi relacionar o significado destes mil anos, citados por Pedro, com outras passagens do gênero que encontramos nas Escrituras.
No Apocalipse 20, por exemplo, verificamos seis referências ao período de mil anos, nos seus primeiros sete versículos.
Vamos, pois, examinar esta questão, partindo da hipótese de que o nosso verso pesquisado esteja, de alguma forma, relacionado com a série de milênios tratados no Apocalipse 20.
Ora, é de notório saber que os mil anos, registrado em Apocalipse 20, ficam compreendidos entre duas ressurreições, sendo que a primeira, segundo o apóstolo João, é a dos justos. Senão vejamos:
“O restantes dos mortos (os ímpios) não reviveram, esta é a primeira ressurreição (dos justos)”. Apocalipse 20: 5. Parênteses supridos.
Se a primeira ressurreição coincide com a Segunda Vinda de Cristo, que é o tema tratado na segunda carta de Pedro, capítulo três, faremos bem em relacionar estes dois milênios, considerando que o enigma de 2 Pedro 3: 8 está tratando, justamente, daquilo que João começou a apresentar em Apocalipse 20: 5.
Enquanto Pedro destaca os eventos que precederão ao último dia de vida humana nesta Terra, João, no Apocalipse 20, detalha o que vai acontecer depois da primeira ressurreição, seguindo até ao retorno da Nova Jerusalém a esta Terra, quando Satanás e todos os seus ímpios seguidores serão destruídos pelo fogo.
Tanto na primeira como na segunda ressurreição Jesus colocará em liberdade todos aqueles que Satanás manteve presos nos sepulcros, desde que “a terra abriu a sua boca para receber o sangue de Abel” - Gênesis 4: 11.
White, comentando Isaías 14: 16-17 ("...é este o homem que fazia estremecer a Terra e tremer os reinos?...Que a seus cativos não deixava ir para casa?"), disse:
 “Durante seis mil anos a obra de rebelião de Satanás tem feito ‘estremecer a Terra’. Ele tornou ‘o mundo como um deserto’, e destruiu ‘as suas cidades’. E ‘aos seus cativos não deixava ir soltos’. Durante seis mil anos o seu cárcere (o sepulcro) recebeu o povo de Deus, e ele os queria conservar cativos para sempre; mas Cristo quebrou os seus laços, pondo em liberdade os prisioneiros. O GC, pg. 659 – 661, CPB, 36ª edição, 1988.
Outro ponto interessante é o de que as duas ressurreições tratadas em Apocalipse 20 encerram o milênio dentro de um parêntese, deixando fora, de um lado, o período no qual reinou o império da morte, e do outro, a vida eterna futura, sem morte, nem pranto, nem dor porque no final do milênio, após a segunda ressurreição, a morte será extirpada para sempre, como está escrito em Apocalipse 20: 7-14:
“Quando, porém, se completarem os mil anos Satanás... sairá a seduzir as nações (dos ímpios ressurretos) ... desceu, porém, fogo dos céus e os consumiu... Então, a morte e o inferno (a morte e a sepultura) foram lançados para dentro do lago de fogo. Esta é a segunda morte, o lago de fogo”.  Parênteses meus.
Malaquias 4: 3 não deixa dúvida sobre a completa consumição dos ímpios:
“Pisareis os perversos, porque se farão cinzas debaixo das plantas de vossos pés, naquele dia que preparei, diz o Senhor dos Exércitos”.
Assim, após a ressurreição dos justos e a eliminação da morte após a destruição dos ímpios na segunda ressurreição, será restabelecida a harmonia entre a eternidade passada e a futura, pois eliminar-se-á para sempre, a consequência do pecado, a morte, atualmente presente no Universo.
Será então que “... se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória. Onde está ó morte a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão”? I Coríntios 15: 54-55.
Devemos ter em conta, ainda, que, dentro deste parêntese de mil anos do Apocalipse 20 a Terra permanecerá em repouso a fim de recuperar suas propriedades originais, para ser readaptada à vida eterna futura. Neste ínterim, os justos ficarão hospedados no céu, porquanto se diz que “viveram e reinaram com Cristo por mil anos” - Apocalipse 20: 4 b.
E porque dizemos que os justos serão hospedados no céu, neste período? Porque foi para lá que Cristo se dirigiu, dizendo:
“Na casa de Meu Pai há muitas moradas. Se assim não fora, Eu vo-lo teria dito. Pois vou preparar-vos lugar. E, quando Eu for e vos preparar lugar, voltarei e vos receberei para Mim mesmo, para que, onde Eu estou, estejais vós também” - João 14: 2-3.
Voltando ao tema do descanso da Terra, afirmamos que o mesmo foi programado para restabelecer suas propriedades exauridas durante a sua ocupação. Isto porque esse princípio não é novo. Na verdade ele sempre existiu, sendo estabelecido por Deus, desde os tempos mais antigos, conforme a recomendação que encontramos em Levítico 25: 1-5:
“Disse o Senhor a Moisés, no monte Sinai: Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando entrares na terra, que vos dou, então, a terra guardará um sábado ao Senhor. Seis anos semearás o teu campo, e seis anos podarás a tua vinha, e colherás os seus frutos. Porém, no sétimo ano, haverá sábado de descanso solene para a terra, um sábado ao Senhor; não semearás o teu campo, nem podarás a tua vinha. O que nascer de si mesmo na tua seara não segarás e as uvas da tua vinha não podada não colherás; ano de descanso solene será para a terra”.
Levítico 26: 33-35 acrescenta, ainda, que foi por causa da desobediência a este mandamento específico que Israel foi mantido no cativeiro babilônico por setenta anos, a fim de que a terra de Canaã pudesse, finalmente, recuperar-se do tempo em que este princípio foi desrespeitado. Vamos ao texto:
“Espalhar-vos-ei por entre as nações, e desembainharei a espada atrás de vós; a vossa terra será assolada, e as vossas cidades serão desertas. Então a terra folgará nos seus sábados, todos os dias da sua assolação, e vós estareis na terra dos vossos inimigos; nesse tempo a terra descansará, e folgará nos seus sábados. Todos os dias da assolação descansará, porque não descansou nos vossos sábados, quando habitáveis nela”.
O terrível cumprimento desta profecia foi registrado em II Crônicas 36: 19-21:
“Queimaram a casa de Deus, e derrubaram os muros de Jerusalém; todos os seus palácios queimaram a fogo, destruindo também todos os seus preciosos objetos. Os que escaparam da espada a esses levou ele para Babilônia, onde se tornaram servos de Nabucodonosor e de seus filhos, até ao tempo do reino da Pérsia; para que se cumprisse a Palavra do Senhor, por boca de Jeremias, até que a terra se agradasse dos Seus Sábados; todos os dias da desolação repousou, até que os setenta anos se cumpriram.
Lembramos, ainda, que este princípio é do mesmo tipo daquele que foi estabelecido para o descanso do homem, quando da terra ele foi feito, conforme o quarto mandamento:
“Seis dias trabalharás, e farás toda a tua obra. Mas o sétimo dia é o sábado do Senhor, teu Deus; não farás nenhum trabalho...” - Êxodo 20: 9-10.
Percebemos, facilmente, o vínculo existente entre a semana da criação com seus seis dias úteis que foram seguidos por um dia de descanso, com o ano sabático de descanso da terra após seis anos de uso contínuo, visando à recomposição de sua necessária fertilidade.
Partindo deste princípio, nos interrogamos: será que haveria também a mesma necessidade com relação aos milênios de ocupação da Terra, uma vez que esta orientação do repouso de um ano após seis de uso não foi refutada e tampouco se realizou? A resposta para esta questão pode ser muito importante para a solução do nosso enigma pois já vimos em 2 Pedro 3: 8 que, no calendário divino, mil de nossos anos são como um dia para Deus.
E, em II Pedro 3: 11-12, temos outra informação importante:
“Visto que todas essas coisas hão de ser assim desfeitas, deveis ser tais como os que vivem em santo procedimento e piedade, esperando e apressando a vinda do dia de Deus, por causa do qual os céus, incendiados, serão desfeitos, e os elementos abrasados se derreterão”.
Segundo João, no Apocalipse, este dia milenar de Deus, aqui mencionado, começará na Segunda Vinda de Jesus e irá até a descida da nova Jerusalém, no final do milênio. Esta informação sobre um sábado milenar de descanso da Terra sugere a existência de outros seis milênios de contaminação tanto pelo sangue dos mortos como pela ocupação intensiva.  
Mas, para justificar esta dedução, precisamos comprovar que a Terra tem, realmente, cerca de seis mil anos de práticas insustentáveis, desde o início do império da morte, conforme o registro de Gênesis 4: 8, até ao dia em que Jesus Cristo virá para colocar Seus filhos em liberdade, na primeira ressurreição, conforme citado em Apocalipse 20.
Precisamos, também, verificar se a Terra estaria, realmente, precisando de um milênio de repouso para recuperar suas condições originais, comprometidas por seis mil anos de desobediência e consequente império da morte causada pelo pecado, uma vez que ela virá a ser a residência dos justos pela eternidade.
Se isto for possível de ser confirmado, teríamos a resolução do enigma proposto pelo apóstolo Pedro, uma vez que a sua declaração estaria indexada à Segunda Vinda de Jesus e, portanto, a identificação dos anos transcorridos levariam aos anos que ainda faltam para completar o sexto milênio e entrar no descanso da Terra. Essa, realmente seria uma informação tão preciosa que faríamos muito bem em não esquecê-la. Este é o nosso último ponto.
Para testar a validade destes argumentos, vamos comparar o texto de 2 Pedro 3: 7, referido no início deste capítulo, com uma antiga profecia, citada em Isaías 24: 4-6, relacionada com a degradação da Terra e com suas condições no tempo do fim. Diz Isaías:
“A Terra pranteia e se murcha; o mundo enfraquece e se murcha; elanguescem os mais altos do povo da Terra. Na verdade a Terra está contaminada por causa dos seus moradores, porquanto transgridem as leis, violam os estatutos e quebram a aliança eterna. Por isso, a maldição consome a Terra, e os que nela habitam se tornam culpados; por isso serão queimados os moradores da Terra e poucos homens restarão”. Negritos meus.
Essas considerações de Isaías, já com 2700 anos, são tão atuais que foram elencadas para discussão em 2015 quando os líderes de 195 países se reuniram e assinaram o Acordo de Paris, na COP 21 (21ª Conferência das Partes da Convenção das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), a qual se encontra em vigor desde 4 de novembro de 2016, para tratar do aquecimento global e de seus efeitos catastróficos.
Enquanto que a comunidade científica não tem dúvida de que o extraordinário aumento da temperatura média da Terra, agravado a partir, principalmente, da expansão industrial, se deve à ação humana e que as propostas até então praticadas não têm sido suficientes para reduzi-la a um patamar aceitável, a antiga profecia de Isaías vai além, dizendo que o fracasso maior ainda está para vir porque os moradores da Terra transgridem as leis, violam os estatutos e quebram a aliança eterna.
Enquanto Trump retira os Estados Unidos (o segundo país que mais polui o planeta) do acordo do clima de Paris – Jornal do Metrô, Brasília, 2 de junho de 2017, o profeta Isaías avança no tema, tratando, inclusive, da destruição dos responsáveis da mesma forma constante em II Pedro 3: 7, como já vimos, e que é repetida em II Pedro 3: 10, a seguir:
“Virá, entretanto, como ladrão, o Dia do Senhor, no qual os céus passarão com estrepitoso estrondo, e os elementos se desfarão abrasados; também a Terra e as obras que nela existem serão atingidas.”
Percebemos, assim que, além da insustentabilidade de longo prazo do planeta, facilmente constatada, não só pela intensificação do superaquecimento global, como também pelo degelo nas calotas polares, pelas inundações, furacões, vendavais, terremotos, tsunamis, a Terra ainda deverá passar pela terrível poluição atmosférica devido às contaminações provenientes das explosões nucleares que certamente detonarão após o último dia.
Ora, se as experiências com os artefatos nucleares que levaram a destruição das duas cidades japonesas, em 1945, já trouxeram enormes prejuízos radioativos ao meio ambiente, levando os cientistas a estimar um prazo de pelo menos quatrocentos anos para que se dissipem totalmente as contaminações existentes e, tendo em conta que as bombas nucleares atuais apresentam um potencial capaz de destruir várias vezes a Terra inteira, não é difícil imaginar o prejuízo ecológico condensado no acervo nuclear estocado. 
Segundo a natureza das palavras de Pedro: “os elementos ardendo se fundirão”, serão, provavelmente, as bombas armazenadas que ainda transformarão a Terra numa bola de fogo, logo após a retirada dos justos da mesma.
A partir destas considerações fica fácil verificar que o milênio de Apocalipse 20, chamado de o Dia do Senhor, em II Pedro 3: 10 e de o Dia de Deus em II Pedro 3: 12, foi criteriosamente calculado para a readequação do planeta à vida humana futura, após o milênio no céu.
Agora só nos resta saber se podemos contar, realmente, seis mil anos de História em andamento, a partir da contaminação da Terra pelo sangue de Abel, até a sua libertação com os demais justos, do cativeiro da sepultura, na primeira ressurreição, para resolver o enigma de Pedro e, neste caso, definir, com relativa precisão, quão próximos estamos do final deste mundo e do grande Dia de Deus. Esta é a nossa expectativa para a segunda sessão deste capítulo.
Adiantamos que ao buscar o sentido para as palavras do apóstolo Pedro, visando resolver o enigma proposto por ele, não estamos especulando, mas, atendendo à recomendação divina, conforme fomos orientados a fazer.
Com referência às palavras: “Daquele dia e hora ninguém sabe”, ditas por Jesus em Mateus 24: 36, elas não foram destinadas a invalidar nossa pesquisa, pois temos outra referência de Jesus no mesmo capítulo que diz:
“Assim também vós: quando virdes todas estas coisas, sabei que está próximo, às portas”. Mateus 24: 33.
Estas palavras de Jesus situadas no mesmo contexto indicam que, apesar de não sabermos o dia e a hora de Seu regresso, nos é exigido saber o tempo que nos falta para chegarmos até à véspera, quando Ele estaria realmente às portas.
Estas duas recomendações, portanto, não são contraditórias, mas complementares.  Vejamos como Jesus conciliou as duas, neste mesmo capítulo, por meio da conjunção adversativa ‘mas’, destinada a mudar o sentido da frase de Mateus 24: 36 que aparentemente limitaria a pesquisa em curso:
“Portanto, vigiai, porque não sabeis em que dia vem o vosso Senhor. ‘Mas’ considerai isto: se o pai de família soubesse a que horas viria o ladrão, vigiaria e não deixaria que fosse arrombada a sua casa. Por isso, ficai também vós apercebidos; porque, à hora em que não cuidais, o Filho do Homem virá”. Mateus 24: 42-44.
O texto é claro: mesmo não sabendo o dia exato, nem a hora, devemos estar atentos para não sermos apanhados de surpresa. E mais, vigiar a respeito de Sua vinda, foi considerado pelo Mestre, neste mesmo capítulo como motivo de extrema felicidade, conforme Mateus 24: 46:
“Bem-aventurado aquele servo a quem seu Senhor, quando vier, achar fazendo assim”.  
E, ainda, no verso 50 e 51, é o servo que não sabe o dia nem a hora que será lançado ali onde haverá choro e ranger de dentes.
Em I Tessalonicenses 5: 4, NTLH, o apóstolo Paulo confirma:
“Mas vocês, irmãos, não estão na escuridão, e o Dia do Senhor não deverá pegá-los como um ladrão que ataca de surpresa”.
Verificamos, portanto, não ser oportuno questionar este estudo sobre a cronologia bíblica, principalmente se pudermos comprovar seis mil anos do império da morte, uma vez que o sétimo milênio deverá iniciar na ressurreição dos justos por ocasião da Segunda Vinda de Nosso Senhor Jesus Cristo e terminar na eliminação da morte, logo após o sétimo milênio.

Sigamos, pois, nesta trilha, suplicando ao Pai celestial pela boa compreensão da nossa próxima etapa. 

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